Aos 21 dias do mês de novembro de 1920, um domingo, às 10 horas da manhã, 121 “senhores comerciantes de Campinas, convocados verbalmente, por circulares e pela imprensa”, reunidos no Salão Nobre da Sociedade Luiz de Camões, fundaram o “Centro Commercial de Campinas”. Muitos dos comerciantes chegaram de carroças de praça que serviam à população. A organização se transformaria já em 1921 em Associação Comercial de Campinas, a instituição que em um século de história se confunde com a história econômica, política e cultural da cidade.
A região central de Campinas, especificamente, cresceu muito junto com a Associação Comercial, que teve sua primeira sede na esquina das ruas Benjamin Constant e Barão de Jaguara, na época o território mais nobre do comércio local. Com o crescimento da Associação e da atividade comercial, uma nova sede passou a ser discutida, sendo então inaugurada em 28 de setembro de 1942, na rua José Paulino, 1111.
Com localização privilegiada, o edifício-sede rapidamente tornou-se uma referência urbanística na região central, por consagrar o estilo Art Déco como o padrão estético preferido na época. O responsável pelo projeto, Hoche Segurado, seguiu a linha conhecida como streamline, caracterizada pelo uso de curvas simples e aerodinâmicas. As linhas verticais na fachada evidenciam a verticalidade do prédio.
Muitas reuniões importantes, muitos eventos marcantes, aconteceram no belo prédio da ACIC (o nome completo atual, Associação Comercial e Industrial de Campinas, passou a ser usado em 1957). A instituição teve presidentes com grande contribuição histórica para a cidade, como Ruy Rodriguez, fundador da Guardinha e dirigente do Conselho das Entidades, onde floresceu a campanha pela fundação da Faculdade de Medicina de Campinas, embrião da Unicamp.
Outro nome de destaque é o de Guilherme Campos, proprietário da Casa Campos em três mandatos: 1966-69, 1970-71 e 1974-92. Na sua presidência, fortaleceu o jornal “Comércio e Indústria de Campinas”, apoiou a luta pela instalação da refinaria da Petrobrás em Paulínia, informatizou a ACIC e promoveu lendárias festas de Natal na região central. Uma de suas principais ações foi a gestão da Guarda Noturna de Campinas, um marco na história da segurança pública local.
O seu filho, Guilherme Campos Júnior, tornou-se outro dirigente marcante na história da ACIC. No seu primeiro mandato, de 1997 a 2001, foi inaugurado o Posto da Junta Comercial de São Paulo. No segundo mandato, de 2004 a 2007, enfrentou a polêmica sobre o comércio de ambulantes na região central. Teve outro mandato, entre 2007 e 2010, e neste período foi inaugurado o Núcleo Campo Grande da ACIC, descentralizando as ações.
A sua sucessora fez história: no dia 29 de março de 2019 Adriana Flosi tornou-se a primeira mulher presidente da história da Associação Comercial e Industrial de Campinas. E desde então ela se empenhou pela modernização das ações, promovendo por exemplo eventos voltados para o fortalecimento de mulheres empreendedoras, a difusão de conhecimento em comércio pela internet e sobre novas técnicas de marketing e vendas. No dia 3 de julho de 2015, na presidência de Adriana Flosi, foi entregue a primeira etapa do restauro da Catedral Metropolitana de Campinas, com recursos captados com grande participação da ACIC.
Adriana Flosi também idealizou e coordenou o projeto de resgate da memória da ACIC, que resultou no livro “Associação Comercial e Industrial de Campinas – 95 anos de história”, lançado em 2015 e redigido por José Pedro Soares Martins. O livro teve edição da Arte Escrita Editora.